quarta-feira, 9 de maio de 2012

9 Fennel Crescent

Da minha janela vejo um pedaço da rua. Chove e o asfalto esta molhado. Gotinhas na janela. Vejo casinhas iguais de um bairro popular. Os corvos comem qualquer coisa na grama e gaivotas perdidas aparacem occasionalmente no ceu. Em Broadfield estrangeiros nao faltam, sobram. Mulheres de niqab empurrando carrinhos de bebe, adolescentes inglesas com os filhos pequenos, homens com barbas longas, portugueses, negros francofonos, pasquitaneses, alguns ingleses. A chuva parou e os carros passam na rua. Da minha janela, ontem, vi um menino bem branquinho sem camisa com um riso contagiante. Infancia. Lembro dos olhos brilhantes e vivos de uma meninha no onibus. Uma alegria de se ver, uma esperança a mais. Voltou a chover, tem um homem correndo e a rua ficou vazia novamente. Nos mercados do bairro um botequim portugues que vive com a televisao ligada na RTP e os homens fumam na porta. Do lado, o mercadinho mulçumano: verduras, carne halal, um coroa engraçadinho no caixa, roupas diferentes. No supermercado produtos de todos os cantos, do presunto polones ao pilau apimentado. Bairro de imigrantes, de trabalhadores, de trambiqueiros, de oportunistas. De corajosos, no final das contas.

Depois de anos de silencio, recomeço a partilhar o que vi e o que vejo. Depois de dois anos de reclusao, fechada nos meus proprios sentimentos, duvidas e alegrias a coragem para dividir voltou.

domingo, 7 de março de 2010

La mappa sottosopra



La sfida del Brasile e dei BRICs è mantenere la crescita sostenibile e trarne vantaggio per la popolazione


Por Sara Manera


È all’ordine del giorno: la crisi finanziaria internazionale è arrivata ad imporre cambiamenti. La mappa mondiale sta soffrendo alterazioni strutturali con il passare degli anni ed i fatti emblematici di questi cambiamenti sono gli attacchi dell’11 settembre e la crisi finanziaria del 2009. Oggi, Paesi che finora erano in una posizione non di primo piano nella politica internazionale appaiono come lider di grande importanza economica e politica.


Dove prima gli USA, l’Unione Europea, il Giappone e pochi altri erano il motore economico e detenevano il maggior potere decisionale nella politica mondiale, attualmente sono Brasile, Russia, India e Cina (BRICs) a fare la parte del leone. Sono questi Paesi che si stanno distaccando economicamente e stanno conquistando una maggior rappresentatività e participazione nello scenario político internazionale.


La sfida della crescita sostenibile – Gli occhi di tutti sono voltati verso sud, dove la crescita economica è allettante, il mercato consumatore è enorme e ha un potere di acquisto in continua crescita. La sfida dei BRICs è permettere che la crescita economica si traduca in migliori condizioni di vita per la popolazione ed una più equa distribuzione della ricchezza.


Per il Brasile, la sfida è mantenere la crescita sostenibile, rinforzare l’economia e fare il salto di qualità che permetta di sviluppare e sfruttare appieno il suo potenziale umano, i suoi talenti, le sue risorse naturali e garantire una partecipazione attiva della popolazione. Per approfittare al massimo di questi cambiamenti è necessario un investimento massiccio in educazione ed infrastrutture. Le riforme, soprattutto quelle politiche, sono necessarie affinchè il Brasile si adegui e accompagni il ritmo dei cambiamenti; questo perchè la crisi è anche concettuale, i vecchi modelli di produzione e consumo fanno ormai parte del passato.



quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O mapa de cabeça para abaixo


O desafio do Brasil e dos BRICs é manter o crescimento sustentável e usá-lo em benefício da população
Por Sara Manera

Está na ordem do dia: a crise financeira veio para impor mudanças. O mapa mundial vem sofrendo alterações estruturais ao longo do tempo e os fatos emblemáticos destas mudanças são os ataques de 11 de setembro e a crise financeira internacional de 2009. Hoje, países que até então estavam em uma posição na política internacional de pouca representatividade despontam como líderes de grande importância econômica e política.

Onde antes, EUA, União Européia, Japão (e poucos outros) eram os promotores econômicos e influenciadores soberanos de todo o mundo, atualmente são China, Rússia, Índia e Brasil a dar as cartas. São os BRICs que despontam economicamente e conquistam maior representatividade e participação na política mundial.


O desafio do crescimento sustentável - Os olhos do mundo estão voltados para o sul, onde o crescimento econômico é tentador, o mercado consumidor é enorme e ganha poder de compra. O desafio dos BRICs é fazer com que o crescimento econômico se transforme em melhores condições de vida para a população e distribuição de renda.

Para o Brasil, o desafio é manter o crescimento sustentável, fortalecer a economia e dar o salto que permita ao país desenvolver e aproveitar seu potencial humano, seus talentos, seus recursos naturais e garantir uma cidadania ativa da população. Para aproveitar, realmente, as mudanças que estão acontecendo é preciso investimento maciço em educação e infra-estrutura. As reformas, sobretudo a política, são necessárias para que o país se adéqüe e acompanhe o ritmo das mudanças porque a crise também é conceitual, os modelos de produção e consumo anteriores já não funcionam mais.

domingo, 10 de maio de 2009

A princesinha























A história da princesa de uma terra distante no admirável mundo “novo”
Texto e foto por Sara Manera.
Josephine, a princesinha e Judith, do México.
Em um país distante, nos confins do inimaginável nasceu uma princesinha. O rei não assistiu ao seu nascimento nem os seus primeiros passos ou o aniversario de 10 anos. Na última vez que a rainha encontrou o rei a princesinha ainda não tinha nascido e muito tempo se passou....

Um dia quando a princesinha tinha 11 anos e tinha acabado de chegar numa terra distante, no último vôo internacional, viu na sua frente um homem grande. A rainha pomposamente disse à pequena: “Este é seu pai”. Era a primeira vez que se viam. 11 anos de distância, de vidas não compartilhadas.

Hoje a família real vive no país que não se parece com o seu, mas que bem ou mal os acolheu. A princesinha tem 15 anos, magrinha, de trancinhas e vestida à moda hip hop. Quase desistiu de ir à escola porque os colegas de classe não falam com ela, porque a solidão é grande, se envergonha de não ter amigos e ainda não descobriu que neste “novo” mundo tem gente boa.

A partir de janeiro não vi mais sua alteza, està fazendo o curso médio depois de vencer a língua, as dificuldades de gramática e a desmotivação. Escutei a história da princesinha no dia 23 de dezembro de 2008, se chama Josephine, vem do Gana e neste dia conseguiu deixar todas as moças do curso de língua com um amargor a mais, algumas lágrimas furtivas, coisa de mulher, em qualquer lugar do mundo.

Josephine conheceu seu pai quando tinha 11 anos porque ele, que trabalhava na Itália, por não podia sair do país, pois não tinha a documentação em dia. Não pôde acompanhar a infância da filha, foi um pai virtual, aquele que mandava dinheiro para casa, que telefonava no aniversário, mas que não tinha cheiro, toque, não enchia o saco.

Felizmente se reencontraram e a princesinha só esta começando no velho mundo.

Constrangimento

A ignorância permeia as relações entre imigrantes e italianos
Por Sara Manera
Foto:
www.italiaoggi.com.br





Ontem fui me despedir de uma amiga de família, italiana, que está no Brasil há mais de trinta anos, e entre outras coisas falamos da situação dos imigrantes na Itália. Estive no nordeste do país por oito meses, na rica região do Veneto e fiquei preocupada com as coisas que vi.

Morava com minha família, avós, tios e primos italianos, e ouvi durante o jantar de domingo, no almoço da semana, nas conversas coisas absurdas, de uma ignorância em relação ao outro constrangedora. Acho que é este o sentimento, de constrangimento, que me acompanha pelo que vi e ouvi. Sou uma pessoa bem informada e quando fui estava consciente dos problemas relacionados à imigração que estavam acontecendo, da Liga Norte, da violência, mas nunca pensei que o nível de desinformação seria tão grande e que estrangeiro fosse sinônimo de delinqüente.

Há uma desconfiança generalizada para com os eslavos, norte africanos, africanos do sul, latinos, orientais. Na verdade, o que vi e senti foi uma campanha, incluindo da mídia, de difamação e fortalecimento dos preconceitos, de disseminação de informações contraditórias e a continuação da ignorância, da falta de conhecimento.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Feira dos milagres

As feiras nordestinas são uma explosão de vitalidade e cor
Texto e fotos por Sara Manera

As feiras do nordeste brasileiro marcam o tempo nas cidades pequenas, determinam o ritmo da vida. O dia da feira nasce cedo, ainda de madrugada quando os comerciantes vêm arrumar suas barracas e aos poucos as pessoas vão chegando para comprar, bater papo, encontrar os conhecidos, saber das noticias da região.

Durante toda a manhã compradores e vendedores vêm recarregar as energias nas barracas de comida, que a partir de uma cozinha improvisada, oferecem os pratos típicos da região: galinha ao molho pardo, bode cozido, beiju de coco, mugunzá, sarapatel.

Para ganhar o pão de cada dia, o povo transforma a necessidade em criatividade e inventa maneiras de ganhar um dinheirinho. O menino que ajuda a levar as compras na casa do freguês, o velho cantador, o homem que vende pomadas e garrafadas capazes de curar qualquer doença. É o dia de comprar roupa nova, beber cachaça e abrir os horizontes.

A feira perdeu sua hegemonia comercial com a difusão dos supermercados. Os cavalos e jegues usados para o transporte foram substituídos pelos ônibus e mais recentemente pelas motos. A feira muda, mas não morre. Está sempre em movimento, dinâmica, em transformação.
Fotos da feira de Jaguarari (Ba)




segunda-feira, 19 de maio de 2008

Xenofobia faz imigrantes deixarem casas na África do Sul


Milhares de estrangeiros que vivem na África do Sul procuraram refúgio em delegacias de polícia e igrejas em meio a uma onda de ataques contra comunidades de imigrantes na cidade de Johanesburgo e arredores.
Segundo a polícia, pelo menos 20 pessoas morreram desde que a violência começou, há uma semana.


De acordo com a ONG Médicos Sem Fronteiras, cerca de seis mil pessoas deixaram suas casas temendo ataques na região de Johanesburgo.
Dois mil procuraram refúgio em uma delegacia de polícia no centro da cidade.
Segundo relatos, houve mais ataques nesta segunda-feira, com barracos em assentamentos de imigrantes sendo incendiados.

O correspondente da BBC na África do Sul, Peter Biles, disse que a Cruz Vermelha sul-africana lançou um apelo por US$ 130 mil em doações para ajuda de emergência aos afetados pela violência.
Segundo o correspondente, a entidade disse estar preocupada com a possibilidade de que os ataques xenófobos se alastrem por outras áreas.


Sem controle
Policiais usaram gás lacrimogêneo e balas de borracha numa tentativa de impedir que gangues de jovens armados atacassem estrangeiros e destruíssem suas propriedades.


Algumas das vítimas foram queimadas e outras espancadas até a morte. Durante a noite de sexta-feira, mais de 50 pessoas foram levadas para hospitais com ferimentos de bala e faca.
Uma igreja onde cerca de mil imigrantes do Zimbábue procuravam refúgio foi atacada.
"Nós consideramos que a situação está tão grave que a polícia não tem mais controle sobre o que está acontecendo", disse o bispo da igreja atacada, Paul Veryn.


Muitos estrangeiros se dirigiram a delegacias de polícia, levando todos os pertences que podiam carregar, em busca de proteção.
Uma mulher oriunda do Zimbábue disse à BBC que preferia voltar para seu país a perder seus dois filhos para as gangues.


Problemas sociais
A onda de violência começou há cerca de uma semana no distrito de Alexandra. Imigrantes vindos de países vizinhos foram cercados por homens levando armas e barras de ferro e gritando "expulsem os estrangeiros".


Pessoas do Zimbábue, Moçambique e Malauí fugiram para bairros próximos.
Casas foram queimadas e lojas saqueadas, e a violência se espalhou para outras áreas da cidade.
Desde o fim do apartheid, o sistema de segregação racial que vigorava na África do Sul, milhões de imigrantes se dirigiram ao país em busca de trabalho e proteção.


Mas eles acabaram sendo considerados por muitos como responsáveis por alguns dos problemas sociais da África do Sul, como a alta taxa de desemprego, a falta de moradia e um dos níveis de criminalidade mais altos do mundo.


O presidente sul-africano Thabo Mbeki disse que vai organizar um painel de especialistas para investigar as causas da violência, enquanto o líder do partido governista, Jacob Zuma, condenou os ataques.
"Não podemos permitir que a África do Sul fique conhecida por xenofobia", disse ele.


BBC Brasil

19 de maio, 2008 - 11h49 GMT (08h49 Brasília)

domingo, 11 de maio de 2008

Sudão suspende relações com o Chade


O Sudão suspendeu suas relações diplomáticas com o Chade, acusando o país vizinho de ajudar rebeldes da região de Darfur a lançar um ataque à capital sudanesa, Cartum.

Tanto o Chade como os rebeldes do Movimento da Justiça e Igualdade (JEM, na sigla em inglês) negam ter trabalhado juntos para atacar o subúrbio de Omdurman, que teria sido tomado pelos rebeldes.

O governo sudanês diz que o avanço dos rebeldes, o mais próximo que eles já chegaram a Cartum, foi contido.
Um toque de recolher imposto durante a noite em Cartum foi suspenso, mas a imposição continua vigorando em Omdurman.


Retaliação
O presidente sudanês, Omar al-Bashir, anunciou no canal de televisão estatal que seu país está cortando as relações diplomáticas com o Chade.
"Essas forças (por trás do ataque a Omdurman) são basicamente forças chadianas apoiadas e preparadas pelo Chade e elas saíram do Chade sob a liderança de Khalil Ibrahim (líder rebelde)", afirmou Al-Bashir.


Ele acrescentou que seu país se reserva o direito de retaliar o Chade.
O Sudão ofereceu uma recompensa de US$ 125 mil (o equivalente a cerca de R$ 212 mil) pela captura de Ibrahim e informações que levem à detenção dele, segundo informações da televisão sudanesa.


O líder do JEM, Eltahir Adam Elfaki, no entanto, disse que o grupo agiu sozinho.
"O JEM é independente. É uma força que se construiu sozinha do equipamento do governo do Sudão depois das nossas atividades contra o governo do Sudão", disse ele à BBC, da Líbia.
"Nós os derrotamos em tantas operações. E nós somos mais do que auto-suficientes com equipamento do que se tivéssemos ajuda do Chade. O Chade não tem nada a ver com isso. É uma operação unicamente do JEM."


'Aventura'
O governo do Chade também negou qualquer tipo de envolvimento no ataque.
"O governo chadiano não tem nenhuma ligação com esta aventura", afirmou o ministro da Informação do Chade, Muhammad Hissein, à BBC.


"Além disso, nós condenamos esta aventura e pedimos que todos os grupos de oposição do Sudão participem do tratado de paz de Abuja. Nós estamos surpresos com esta decisão do governo sudanês. Acho que é a primeira vez que rebeldes do Sudão chegam à capital. O governo sudanês perdeu seu auto-controle."


O ministro disse que o Chade não respondeu à suspensão de relações adotada pelo Sudão.
"Não esperávamos que o Sudão cortasse relações então não tomamos nenhuma decisão em resposta à decisão sudanesa agora."


O Sudão disse ter derrotado o JEM, mas continua procurando rebeldes que escaparam. Eles dizem que não querem que civis sejam atingidos nos tiroteios durante as operações de busca por insurgentes.


No sábado, rebeldes do JEM afirmaram ter assumido o controle da base da força aérea Wadi Saidna, que fica a 16 quilômetros ao norte de Cartum, o subúrbio de Omdurman, nas proximidades do rio Nilo, e de ter entrado na capital.


A situação em Cartum é de apreensão e existem relatos de que confrontos continuam no oeste da cidade, segundo a correspondente da BBC na cidade, Amber Henshaw.
As escolas na capital estão fechadas e os moradores foram alertados para não sair de suas casas até a segurança ser restaurada.


Moradores em Omdurman disseram que houve alguns confrontos na manhã deste domingo.
Uma testemunha disse que as pessoas estavam muito assustadas, o ambiente muito tenso e que eles estavam se sentindo muito desprotegidos. Ela disse que existem temores de que os rebeldes ataquem suas casas em busca de refúgio e esconderijo.


O JEM luta contra o governo há cinco anos, acusando-o de negligenciar a população de Darfur, que não tem origem árabe. Cerca de 200 mil já morreram em Darfur.
Os confrontos deste fim-de-semana ocorrem após dois dias de choques entre rebeldes e soldados na província de Kordofan do Norte, vizinha de Cartum.


BBC Brasil - 11/05/08