quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Dicionário de Luanda

Para quem quer entender e ser entendido em Luanda algumas palavras não podem faltar no dicionário:

Mamã: mamãe
Miudo: menino, criança
Ginguba: amendoin
Bué: muito
Candongueiro: motorista de van
Jindungo: pimenta
Kinguila: mulher que faz câmbio de dinheiro nas ruas
Zungueira: mulher que vende coisas na rua
Choco: polvo
Se lixar: se dar mal
Possas: poxa
Kota: pessoa velha, idoso
Dama: mulher
Kuanza: moeda nacional
Gasosa: refrigerante, o termo pode ser usado como propina
Kuduro: ritmo musical que se dança sozinho (os dançarinos vão a loucura)
Kizomba: ritmo musical dançado a dois

Preste atenção!!!

Quando for a Luanda não esqueça de levar sua dama, o miudo e a mamã e de comprar kuanzas em uma kinguila, mas cuidado com os ladrões ou você corre o risco de se lixar. Não se assuste com o trânsito, ele é bué confuso e os candongueiros são meio loucos, gostam de ouvir kuduro e kizomba nas alturas. Se bater a fome as zungueiras vendem de tudo, desde choco assado a gasosa. Respeite os kotas e, possas, se divirta bué!!!!

Estar em Luanda me dá esperança

A cidade toda transpira trabalho. As pessoas são muito empreendedoras, criam seus negócios aproveitando a escassez de serviços e tem possibilidade real de cresimento se gerirem bem seus negócios.

As zungueiras (nome dado para as mulheres que vendem nas ruas) negociam de tudo: sandálias, frutas, vasos plásticos, pão, banana assada, refrigerante, jornal, balas, roupas, panos.....Dá gosto de ver!! Há uma profusão de cores, de falas, de sotaques, de sons.

Existe uma energia para o crescimento, uma vontade de aprender, de saber mais, de vencer na vida, de dar certo. Os jovens, a maioria da população, estão entusiasmados com as faculdades que começam a formar suas primeiras turmas. Eles sabem da importância da educação, seja ela de base ou universitária.

Os jovens são o grande motor de transformação social, são o motivo da minha boa espectativa em relação ao país. Esta foi, acho, a maior lição de Luanda, a de ter esperança e vontade para trabalhar. O país realmente está sendo reconstruido e o cheiro de novidade está no ar.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Mulher angolana sofre com machismo

Uma das coisas que mais me espantaram, infelizmente de forma negativa, é a situação da mulher em Luanda e penso, que em todo o país. Ouvindo as rádios para minha pesquisa sobre sua importância para a reestruturação do país depois da guerra civil, notei as várias propagandas direcionadas à população. Os temas abordados tem sempre cunho educativo, vão desde o uso excessivo de álcool, respeito ao direito de gestantes e idosos nas filas e incentivando a população a jogar lixo nos locais adequados.

Mas a campanha que mais me chamou atenção foi contra a violência doméstica. O machismo aqui é muito forte, as mulheres sofrem com a dependência econômica dos maridos, com o desemprego e uma cultura que privilegia os homens. Quanto mais baixo o nível cultural mais frequente são os casos de violência doméstica, mas isso não significa que o fenômeno seja exclusivo das classes baixas. A violência doméstica, assim como na maiorias dos países, acontece em todas as classes sociais.

O ciúme e o alcoolismo são motivos frequentes de violência, mas este problema ainda é visto como unicamente familiar e não é abordado como um problema social que deve ser tratado pelo estado. Depois de uma guerra longa, que desestruturou muitas famílias e a dificuldade em sobreviver era muito grande, as atenções para outras questões incluindo a violência contra a mulher começam a ser debatidas.

O número de mulheres que vivem sozinhas fora da casa familiar é raro por razões culturais e uma vez que a vida em Angola é uma das mais caras do mundo. Geralmente a moça sai da casa dos pais quando se casa e é comum o casal permanecer na casa dos familiares, devido a falta de emprego e a carestia dos alugueis. Com a melhor qualificação profissional e melhores salários é possível que uma mulher more sozinha, mas é extremamente incomun. Tanto que sempre se especula se não há nenhum “senhor” pagando suas contas.