Uma das coisas que mais me espantaram, infelizmente de forma negativa, é a situação da mulher em Luanda e penso, que em todo o país. Ouvindo as rádios para minha pesquisa sobre sua importância para a reestruturação do país depois da guerra civil, notei as várias propagandas direcionadas à população. Os temas abordados tem sempre cunho educativo, vão desde o uso excessivo de álcool, respeito ao direito de gestantes e idosos nas filas e incentivando a população a jogar lixo nos locais adequados.
Mas a campanha que mais me chamou atenção foi contra a violência doméstica. O machismo aqui é muito forte, as mulheres sofrem com a dependência econômica dos maridos, com o desemprego e uma cultura que privilegia os homens. Quanto mais baixo o nível cultural mais frequente são os casos de violência doméstica, mas isso não significa que o fenômeno seja exclusivo das classes baixas. A violência doméstica, assim como na maiorias dos países, acontece em todas as classes sociais.
O ciúme e o alcoolismo são motivos frequentes de violência, mas este problema ainda é visto como unicamente familiar e não é abordado como um problema social que deve ser tratado pelo estado. Depois de uma guerra longa, que desestruturou muitas famílias e a dificuldade em sobreviver era muito grande, as atenções para outras questões incluindo a violência contra a mulher começam a ser debatidas.
O número de mulheres que vivem sozinhas fora da casa familiar é raro por razões culturais e uma vez que a vida em Angola é uma das mais caras do mundo. Geralmente a moça sai da casa dos pais quando se casa e é comum o casal permanecer na casa dos familiares, devido a falta de emprego e a carestia dos alugueis. Com a melhor qualificação profissional e melhores salários é possível que uma mulher more sozinha, mas é extremamente incomun. Tanto que sempre se especula se não há nenhum “senhor” pagando suas contas.
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