domingo, 10 de maio de 2009

A princesinha























A história da princesa de uma terra distante no admirável mundo “novo”
Texto e foto por Sara Manera.
Josephine, a princesinha e Judith, do México.
Em um país distante, nos confins do inimaginável nasceu uma princesinha. O rei não assistiu ao seu nascimento nem os seus primeiros passos ou o aniversario de 10 anos. Na última vez que a rainha encontrou o rei a princesinha ainda não tinha nascido e muito tempo se passou....

Um dia quando a princesinha tinha 11 anos e tinha acabado de chegar numa terra distante, no último vôo internacional, viu na sua frente um homem grande. A rainha pomposamente disse à pequena: “Este é seu pai”. Era a primeira vez que se viam. 11 anos de distância, de vidas não compartilhadas.

Hoje a família real vive no país que não se parece com o seu, mas que bem ou mal os acolheu. A princesinha tem 15 anos, magrinha, de trancinhas e vestida à moda hip hop. Quase desistiu de ir à escola porque os colegas de classe não falam com ela, porque a solidão é grande, se envergonha de não ter amigos e ainda não descobriu que neste “novo” mundo tem gente boa.

A partir de janeiro não vi mais sua alteza, està fazendo o curso médio depois de vencer a língua, as dificuldades de gramática e a desmotivação. Escutei a história da princesinha no dia 23 de dezembro de 2008, se chama Josephine, vem do Gana e neste dia conseguiu deixar todas as moças do curso de língua com um amargor a mais, algumas lágrimas furtivas, coisa de mulher, em qualquer lugar do mundo.

Josephine conheceu seu pai quando tinha 11 anos porque ele, que trabalhava na Itália, por não podia sair do país, pois não tinha a documentação em dia. Não pôde acompanhar a infância da filha, foi um pai virtual, aquele que mandava dinheiro para casa, que telefonava no aniversário, mas que não tinha cheiro, toque, não enchia o saco.

Felizmente se reencontraram e a princesinha só esta começando no velho mundo.

Constrangimento

A ignorância permeia as relações entre imigrantes e italianos
Por Sara Manera
Foto:
www.italiaoggi.com.br





Ontem fui me despedir de uma amiga de família, italiana, que está no Brasil há mais de trinta anos, e entre outras coisas falamos da situação dos imigrantes na Itália. Estive no nordeste do país por oito meses, na rica região do Veneto e fiquei preocupada com as coisas que vi.

Morava com minha família, avós, tios e primos italianos, e ouvi durante o jantar de domingo, no almoço da semana, nas conversas coisas absurdas, de uma ignorância em relação ao outro constrangedora. Acho que é este o sentimento, de constrangimento, que me acompanha pelo que vi e ouvi. Sou uma pessoa bem informada e quando fui estava consciente dos problemas relacionados à imigração que estavam acontecendo, da Liga Norte, da violência, mas nunca pensei que o nível de desinformação seria tão grande e que estrangeiro fosse sinônimo de delinqüente.

Há uma desconfiança generalizada para com os eslavos, norte africanos, africanos do sul, latinos, orientais. Na verdade, o que vi e senti foi uma campanha, incluindo da mídia, de difamação e fortalecimento dos preconceitos, de disseminação de informações contraditórias e a continuação da ignorância, da falta de conhecimento.